No dia 6 de dezembro de 2024, foi anunciado o aguardado acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), marcando um marco histórico após 25 anos de negociações. O acordo, que ainda precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países participantes, tem o potencial de transformar as relações comerciais do Brasil com o bloco europeu, o segundo maior parceiro comercial do país, atrás apenas da China.
Projeções Econômicas e Impactos no PIB
O governo federal estima que o acordo pode impulsionar o fluxo comercial entre o Brasil e a UE em R$ 94,2 bilhões, representando um crescimento de 5,1% sobre os níveis atuais. Além disso, projeta-se um impacto positivo de R$ 37 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, equivalente a 0,34% da economia nacional. As expectativas também incluem a atração de aproximadamente R$ 13 bilhões em investimentos, bem como aumento de 0,42% nos salários reais e redução de 0,56% nos preços ao consumidor até 2044.
Redução Gradual de Tarifas
O acordo estabelece uma redução gradual das tarifas de importação, com prazos que variam de 4 a 12 anos, dependendo do produto. No setor automotivo, a redução tarifária será ainda mais lenta, com prazos de até 30 anos, devido à introdução de salvaguardas para proteger a indústria nacional contra um eventual aumento expressivo nas importações de veículos europeus. Por outro lado, os produtos industriais da UE terão acesso irrestrito ao mercado brasileiro, enquanto as exportações agrícolas do Mercosul estarão sujeitas a cotas.
Impactos no Comércio Bilateral
Atualmente, a União Europeia é responsável por 16% do comércio exterior brasileiro, com uma corrente comercial que somou US$ 105 bilhões em 2023. O acordo deve expandir as exportações brasileiras para o bloco em R$ 52,1 bilhões, enquanto as importações da UE podem crescer R$ 42,1 bilhões. Entre os principais produtos brasileiros exportados para a União Europeia estão alimentos para animais, minérios metálicos, café e ferro. Por outro lado, o Brasil importa do bloco medicamentos, máquinas industriais, veículos e produtos químicos.
Perspectivas para o Comércio e Investimentos
De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o acordo representa uma oportunidade única para diversificar a pauta exportadora brasileira, agregando valor a produtos como café, suco de laranja, mel, aviões e calçados. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também destacou que a redução das tarifas deve ampliar a base de parceiros comerciais do Brasil, fortalecendo a competitividade da indústria nacional.
Porém, especialistas alertam para as assimetrias do acordo. Enquanto os produtos industriais europeus entrarão sem restrições, os produtos agrícolas do Mercosul estarão sujeitos a limites de volume. Segundo Giorgio Romano Schutte, professor de relações internacionais da UFABC, o sucesso do acordo dependerá da capacidade do governo em implementar as salvaguardas e aproveitar as oportunidades geradas pelo pacto.
Benefícios de Longo Prazo
Além dos impactos comerciais, o acordo também é visto como uma estratégia política para fortalecer a posição do Brasil em negociações com outros países, como China e Estados Unidos. José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), destacou que o pacto também favorece o setor de turismo, além de promover o desenvolvimento sustentável ao conciliar crescimento econômico com preservação ambiental.
Desafios e Resistências
Apesar do otimismo, o acordo enfrenta resistências, especialmente na União Europeia. A França, por exemplo, manifestou preocupações em relação ao impacto do pacto em seu setor agrícola. Por outro lado, há desafios internos no Brasil, como a necessidade de garantir que os benefícios do acordo cheguem a toda a população, especialmente por meio do acesso a produtos mais baratos e a novos mercados.
Um Novo Capítulo para o Comércio Exterior Brasileiro
Para as empresas brasileiras que desejam se inserir no mercado europeu, o acordo abre uma janela de oportunidades única, mas também exige preparação. A adaptação às novas condições tarifárias e a ampliação da capacidade produtiva serão essenciais para aproveitar os benefícios do pacto.
A China Venture está atenta às mudanças e pronta para auxiliar empresas brasileiras a se prepararem para competir no mercado global. Este é um momento histórico para o comércio exterior do Brasil, que pode redefinir sua posição no cenário econômico mundial.